EDITORIAL
É com enorme satisfação que apresento a nova revista O Pioneiro Século 21, totalmente reformulada pela Sigla Viva Comunicação e Design. Com conteúdo e design gráfico de primeira linha, nossa revista aparece agora como um produto editorial de excelência. Além disso, a Sigla Viva é a responsável pelo novo conceito de identidade visual do Clube dos Pioneiros de Brasília.
Esta edição faz uma justa homenagem a Joaquim Cardozo, o engenheiro calculista que tornou possível a edificação dos grandes monumentos que imprimem beleza e leveza ao cenário urbano da capital e que também são responsáveis, em parte, por transformá-la em Patrimônio Cultural da Humanidade.
Além de um notável especialista em cálculos estruturais, Joaquim Cardozo foi um poeta e dramaturgo de extrema sensibilidade e um exímio desenhista. O dossiê que preparamos nesta edição sobre essa importante personalidade científica e cultural do Brasil e que fez parte da história da construção de Brasília relaciona todos esses aspectos, situando-se no homem, no engenheiro, no artista Joaquim Cardozo.
Recheada de artigos que revelam a cidade, no passado e principalmente nos dias de hoje, a revista traz ainda um belo ensaio fotográfico de Marcel Gautherot sobre Brasília na época de sua construção, com diversas nuances poéticas, como a poeira deixada para trás por uma caminhonete, tendo ao fundo o esqueleto das torres gêmeas do Congresso Nacional, e a dureza do guindaste que se contrapõe à suavidade das curvas das colunas da Catedral. Mesmo oficialmente convidado, Gautherot não deixou de registar a segregação social desencadeada por aqui com os primeiros concretos erguidos. Uma espécie de denúncia de como viviam os verdadeiros pioneiros, isto é, os candangos, aqueles que estavam construindo a cidade com as próprias mãos.
O tempo passou e a capital do país, embora planejada em pleno século 20, tem se mostrado um paradigma do absurdo. O Distrito Federal cresce de forma irracional e a política de meio ambiente é totalmente frágil diante da falta de planejamento inteligente, sem falar que está dominado pela ganância especulatória.
Será que ainda há tempo de corrigir as profundas falhas das políticas públicas no Distrito Federal ou estamos no caminho sem volta para nos tornamos uma metrópole desenfreada? Talvez seja só uma questão de engenho e arte, como escreveu o gênio da poesia Camões. Engenho e arte que nunca deveriam nos faltar. Fica, então, a lição de Joaquim Cardozo.
Roosevelt Dias Beltrão
Presidente do Clube dos Pioneiros de Brasília