[Coleção Osman Lins, n. 2]
Osman Lins autografando, em Ribeirão Preto/SP, seu primeiro livro, o romance O visitante, de 1955, lançado em segunda edição pela editora Martins (1971). Fundação Casa de Rui Barbosa, Arquivo Osman Lins. © Espólio de Osman Lins.
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AS ORGANIZADORAS
 
Elizabeth Hazin
Doutora em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo.
Professora colaboradora associada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília.
Líder do grupo de pesquisa Estudos Osmanianos: arquivo, obra, campo literário.
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq.
 
Francismar Ramírez Barreto
Doutora em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília.
Membro do grupo de pesquisa Estudos Osmanianos: arquivo, obra, campo literário.
 
Maria Aracy Bonfim
Doutora em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília.
Professora de Literatura Inglesa na Universidade Federal do Maranhão.
Membro do grupo de pesquisa Estudos Osmanianos: arquivo, obra, campo literário.
ORELHA
 
Após Palindromia, primeiro livro da coleção Osman Lins, que tratou da obra-mestra do autor, Avalovara, a Siglaviva edita agora Quem sou?, sobre sua última obra ficcional. Temos aqui treze ensaios de estudiosos da obra osmaniana que dialogam com a trama narrativa do romance A rainha dos cárceres da Grécia — uma metaficção, uma mise en abyme —, na qual um professor de História Natural escreve um ensaio em forma de diário a partir do manuscrito do romance homônimo deixado, com 65 cópias mimeografadas, por sua amante, Julia Marquezim Enone, no qual a personagem principal, a operária Maria de França, se vê enredada na impiedosa burocracia do “folclórico” Instituto Nacional de Previdência Social, ou simplesmente, para os íntimos, INPS.
 
Osman Lins, em entrevista no ano de publicação desse seu novo livro, 1976, o define assim: “Talvez eu pudesse dizer que é um livro sobre o INPS. Os que acham que eu estaria desinteressado dos problemas brasileiros vão ficar decepcionados. A rainha dos cárceres da Grécia é o seguinte: uma dona de Pernambuco que é amante de um sujeito em São Paulo escreve um romance, na companhia dele, sobre uma certa Maria de França, que deseja obter um benefício do INPS, sem jamais conseguir. Depois ela morre sem que o romance tenha sido publicado, e o amante da pseudoautora põe-se a escrever uma meditação sobre este livro. Esta meditação é que é o livro que o leitor vai ler. E através dela, deste ensaio fictício sobre esse livro que na realidade não existe, é que o romance desta mulher vai aparecendo. Vai aparecendo em camadas e, ao contrário do que preceituam os estudos literários contemporâneos, o ensaísta não se distancia da obra, ao contrário, ele termina por integrar-se de tal modo que vem a transformar-se num dos seus personagens”.
 
Osman Lins, ou melhor, o Professor, nessa sua meditação, é taxativo: “A rainha dos cárceres da Grécia, insisto, é um tecido de simulações”. E são essas simulações que compõem o romance de Enone, o ensaio-diário do Professor e, obviamente, o romance de Lins, todos amalgamados pela “biografia” de Ana — ladra grega ídolo, devido a sua astúcia, de Maria de França —, pela contextualização histórica da invasão holandesa e da ditadura militar no Brasil e por fragmentos de notícias jornalísticas e, supreendentemente, de Alice no país das maravilhas. Vejamos ainda que o nome Enone — a ninfa de Páris, na mitologia grega — também é um palíndromo, que, como frisei no texto da orelha de Palindromia, seria “algo como caminhar na areia e depois voltar sobre as próprias pegadas”. Só que, em A rainha dos cárceres da Grécia, essas pegadas são múltiplas, são de Ana, são de Maria de França, são de Julia Marquezim Enone, são do Professor, são de Osman Lins, no intuito de adensar uma questão universal da literatura: “Quem sou?”, a qual, tangenciando o tema da loucura, emerge intensamente das entrelinhas desse romance.
 
“Quem sou?” — pergunta também Quem sou? Há, por fim, um espantalho, “protetor fantástico” de Maria de França, desvairadamente por ela criado e por ela chamado de treze nomes: o Súpeto, o Homem, o Susto Deles, o Vento Largo, a Brisa, o Lá, o Sumetume, a Torre, o Teto, o Escudo Luminoso, a Chuvarada, a Criatura, o Báçira. É, decerto, uma sucessão de “desvarios” A rainha dos cárceres da Grécia, que nos mostra lucidamente, com a valiosa ajuda de Quem sou?, o fato inconteste de ser Osman Lins um dos mais inventivos escritores da literatura brasileira e mundial, um escritor que sempre se questionou quem era.
 
Renato Cunha
editor
preço
R$ 45,00
 
assunto
crítica literária
 
capa
Renato Cunha
 
páginas
296
 
formato
16 x 23 cm
 
acabamento
brochura
 
lançamento
04/11/2016
 
isbn
978-85-66342-22-2
ELIZABETH HAZIN, FRANCISMAR RAMÍREZ BARRETO e MARIA ARACY BONFIM (orgs.)
QUEM SOU?